26/02/2008

Evolução... livre arbítrio e sacrifício... enfim... Cunhapora

um homem entra na selva... selva comum... homem comum... só o dia que não é muito comum, sabe como é! Homens comuns não entram em selva né?

- Puxa vida! dê andamento ao seu texto! continua a história... os leitores sabem que homens comuns não entram em selva... é redundante... sabe?

tá bom... Carlos fica meio receoso... olha para aquelas árvores grandes e grossas... "por que eu iria ter medo de árvores?" pensa ele... E entra na floresta.

-Calma aí! Esse Carlos é meio imbecil! Ninguém fica com medo de entrar na selva por causa de árvores!!!

Mas e a imponência delas? Ele não é burro... é a condição humana... da coragem momentânea... provar pra si mesmo...

-Dane-se a imponência... não se entra por animais... entende?

Não... nunca fui numa selva... Carlos anda pelas árvores, miquinhos e cotovias... se sente mais corajoso... olhou pra sua bússola... fechou-a, escolheu a direção e foi...

-Que cara imbecil! Por acaso esse Carlos acha que tem duas onças na "porta" da selva em posição de ataque esperando por ele pra cobrar passagem?

Cala a boca... seguindo para Sul, Carlos deu de cara com uma

-Onça?

Moça... uma moça nua... com pinturas pelo corpo... com um vaso de cerâmica trabalhado a mão colocando água nele...

-Você não tinha uma imagem mais óbvia e sem originalidade pra criar não seu autor de meia-tigela?

Não... "Olá!" Disse Carlos... a moça olhou assustada e gritou alguma coisa que eu não saberia dizer pra vocês, leitores, o que era...

-Novamente... a anta achou que a índia saberia falar português

Não é novamente... ele nunca tinha pensado isso... De repente! quatro homens com lanças cercaram Carlos... ele tentou fugir mas uma rede o prendeu e quando os homens iriam pegá-lo...

- E o homem branco supera a subcultura indígena... que preconceito...

Uma onça pintada apareceu... e duas! três! os índios correram e Carlos... desesperado... começou a chorar. Um choro indefeso... Carlos se lembra até de quando tinha uns 10 anos... A moça... ao olhar para Carlos... se sente culpada por ter participado daquilo tudo para o "intruso" da selva... pensou em ajudar... pegou numa pedra... quando olhou para a outra armadilha...

-Por que os índios não ativaram a outra armadilha? que imbecil!

Cala a boca... eram flechas... que atirariam na direção de Carlos... esperou as onças chegarem perto... mais perto... Carlos se paralisa... pensa em gritar, em cortar a corda... em rolar... até em chamar a NASA... pensa demais... Perto demais! A moça joga a pedra!

-Como assim! era pra você falar o nome dela!!

Por quê?

-por quê? não sei... senti que fosse necessário...

Não sei... Cunhapora joga a pedra! erra! Joga de novo! já era tarde... mas acerta as onças... que morrem... uma flecha passa por ela... a dor acorda os nervos! ela corre... chega... tira as onças de cima... e vê Carlos... uma mordida de um lado... uma flecha de outro... só a mordida poderia ter sido o bastante... ou não? Cunhapora nunca vai saber... agarra a flecha e a cheira! não tinha veneno... A alma dele estava lá... ela salta para o homem...

-Cuma?!

Adentra no espírito... se perde nele... nunca mais volta... entendeu?

-Não teria entendido antes disso... nem eu nem ninguém

Obrigado... Cunhapora nunca mais volta... fica lá... nada... corre... vôa... junto com a alma pura do homem branco... que teve coragem de morrer como um índio em uma morte patética de homem branco... preso na rede... pego por flechas... não importa... aceitou a morte

-O homem?

Não... Cunhapora... pega a flecha e enfia no peito... morre... entra em si mesma... dentro dele... se sente bem...

-Todo mundo tinha de morrer?põe um final feliz por favor?

tá bom... Fim!

-Só?

só...

08/02/2008

Inspire... Transpire...

hoje eu escutei uma frase que é de João Cabral de Melo Neto se não me engano...

"escrever é 10% inspiração, 90% transpiração"

além disso... o último conto gerou algumas críticas quanto a minha velocidade pra fazer meus textos...

resolvi então fazer um conto transpirado... então fui raciocinar na coisa...
"Geralmente, costumo me dar bem na função metalinguística... então vou começar falando de como escrevo e... calma aí!"

aí me veio uma epifania! (do grego epi "acima de" e fanos "luz" significa superar a sua mente... sua luz... um "insight") meus contos são, geralmente, inspirados no meu cotidiano... e, principalmente agora, meu cotidiano é composto de bastante transpiração... dedicação, análise... e se eu semrpe achei que não tinha inspiração o bastante... só perco 10% do aproveitamento máximo de um texto... entãoa transpiração está na raiz dos meus textos!

pode ser uma grande desculpa de preguiçoso... mas aí vai o conto:

"não sei... precisa de algo pra dissipar mais energia..." disse Téo olhando pro circuito
"como assim Téo?! Cê tá ficando LOUCO?!" disse Carlos ironizando depois "deixar a energia dentro é bom. Imagina quantas pessoas procuram sentimento na vida delas! O sentimento é necessário... Hahahahahaha!"

"tá bom! tá bom! mas sentimento é a essência... emoção não extravasada pode dar errado... sei lá... assim como esse circuito... esses elétrons circulando aqui dentro, e só uma lâmpada... uma resistência... tanta conversa... é como se você só se expressasse com a fala..."

"cala a boca! você não sabe do que fala! tá ótimo... é pra testar a bateria... acendeu a luzinha verde e pumba!!!"
De repente, Pumba! o circuito começou a pegar fogo...

"aaaa! Fogo! Téo!!!! FOGO!!!! olha minha roupa Téo! Olha!!!"
"Calma Carlos! o extintor tá alí... já vou pegar..."
" que mané calma! eu to pegando fogo seu imbecil! você não liga pros amigos! IMBECIL!!"
"Carlos! você não me deixa apagar o fogo... para de se mexer!!"

Mas Carlos não parou de se mecher e, desesperado, foi consumido pelas chamas... Téo, com tristeza e respeito, terminou a pesquisa em homenagem a seu amigo Carlos... a bateria ganhou seu nome. Ela gerava tanta energia que havia uma versão com uma lâmpada, que por falta de nome... os usuários botaram o nome Téo... O engraçado é que Téo passou a sempre dispersar a energia de Carlos... fez sucesso a energia que a bateria gerava... ninguém nem lembrava da lâmpada... mas a luzinha verde dá segurança e um toque especial pra obra...