03/03/2008

De fim a fim... um coxo...

Tudo começa com um fim... um homem que não conseguia enfrentar seus traumas morre... de atropelamento... ele não foi o atropelado... seu carro derrapa e, para salvar a vítima, que sofre uma lesão no calcanhar, capota até o meio fio...

Do morto nada tenho a continuar... essa história já acabou... os vivos que nos contam coisas... e Seliu não me tinha dito nada sobre quem o atropelou...
só sobre o maldito ferimento... não em apreceu grave na verdade... tinha uma faixinha... coisa de uma semana e ele estaria ótimo.

Logo após a morte instantânea, Seliu, que não tem medo nem traumas, caminhou mancando até o carro, ligou para o 192 e chamou uma ambulância. Procurou algum documento, viu familiares, deu a notícia... coisas do tipo.

Seliu decidiu por agradecer pela vida que Deus prolongou por mais algum tempo (segundo ele, pouco tempo... mas isso é mais pra frente). Foi a igreja. Saindo de lá... Seu amigo ligou pra ele, querendo marcar de tomar uma naquela hora... "você vive marcando coisa assim do nada e eu nunca posso ir! Tenho dentista agora" viu que não conseguiria chegar no dentista a tempo... "quer dizer... bem... não poderei sair hoje! tchau!" tinha resolvido surpreender a esposa... Seliu nunca foi alguém romântico... enfim! foi a floricultura, comprou um buquê de rosas vermelhas, comprou uma caixa de bombons no shopping, escreveu uma cartinha De Seliu a Clara, e foi vê-la.

Chegando em casa... Seliu deu de cara com uma traição. O amigo da ligação estava em uma "conexão bem mais forte" com a Clara... o buquê cai. A desleal acabara de soltar a toalha... não havia motivo para esconder mais nada... bombons rolam por todo o lugar... Seliu preferiu não birgar... ele é muito sábio. Conversou com a Clara... Brigou com seu melhor amigo, discutiu com Clara e contou pras crianças que o papai deveria se separar da casa e do casalzinho por um tempo. "Para reorganizar a minha vida..." Os filhos sorriram. Sabiam do que estavam acontecendo... definitivamente os sintomas não eram claros... mas eles também já não eram crianças.

Quando Seliu estava saindo escutou a voz da menina "Você sabe que a culpa é sua né pai?" ... "por isso não fez nenhum escarcéu..." o menino emenda "Seus ferimentos são fundos demais para você se recuperar com a mamãe!". Seliu segue mancando em frente... Precisava de reorganizar sua vida... Liga para o chefe e pede um adiantamento para poder dar entrada em um apartamento novo... "nada de caro demais!". Luciano chamou-o para o escritório. Seliu pegou um ônibus e, ao chegar na sala... Viu o aviso prévio indenizado na mesa do chefe... "Você sempre foi o de maiores rendimentos... mas nós sabemos que você tem caído e o quanto você fica deficiente sem Clara..." As razões eram realmente plausíveis... Seliu saiu com a carta sem poder dizer nada... Foi até a igreja de novo, ouviu o padre dizer "os mesmos sinais que fecham a porta!... Abrem a janela!" e pediu a Deus um sinal que melhorasse sua vida... De repente uma luz enorme é acesa e, pelo espelho da mulher que estava abaixo da lâmpada, o letreiro de um bar na frente da igreja é iluminado.

Seliu não entendeu direito mas seguiu até o bar, na porta da igreja, por estar mancando, esbarra numa moça, bonita até... seu nome é Lusse (meio grego), mas ela não entra na história... Seliu segue andando, e, esperando a solução chegar, pede um whisky... ao ver a bebida na bancada... descobre o que lhe foi indicado... começa a beber...

Ao invés de esquecer as mágoas... Seliu me conta tudo e se afoga nelas... Eu reproduzo a história... mas creio que sua vida vai tomar a ordem certa... quem sabe depois que o calcanhar melhorar...

Um comentário:

Carolina Arantes disse...

=0
você tem uma capacidade extraordinária de sintetizar assuntos! Fico boba! Nossa! Texto m-a-r-a-v-i-l-h-o-s-o! (só dê uma lida e encontre os errinhos bobos, acho q só um ou dois)
Amei! Foi tipo um apanhado de tudo...^^
beijooooo!